O dia em que o vento deixou sua semente no mar

Não. Mas ele queria.
Não. Mas ela desejava.
E na luta entre o querer e o desejar, fez-se o sim.
E o vento virou neblina e confundiu a visão de todos.
E o mar moveu-se rápido invadindo tudo, tomando conta dos espaços.
E o vento soprava forte, fazia os cabelos dela dançar.
E o mar lhe afogava o corpo.
E o vento deixou a pele dela arrepiada.
E o mar deixou a pele dele arrepiada.
Levantou-se uma ventania.
Onda gigante.
Tufão.
Maremoto.
Furacão.
Tsunami.
Trovão e relâmpagos a enfeitar o céu.
Luz cintilante a enfeitar o fundo do mar.
O vento revolto fazia-a dançar.
O mar embalado, dançava ao ritmo do vento.
Explosão no fundo do mar.
E aconteceu o impensável…
O vento levou uma semente ao mar.
E o mar acolheu a semente em seu ventre.
Morna.
Aconchegante.
Fecunda.
E o vento descansou tal qual brisa leve em dia fresco.
E o mar acalmou-se como lago em dia claro.
Suave vento a refrescar a pele suada.
Orvalho em manhã de sol.
Sim. Mas ele não podia.
Sim. Mas ela não devia.
E foi assim o dia que o vento deixou sua semente no mar…

– Poetriz